segunda-feira, 18 de março de 2013

EIS-ME AQUI, ENVIA-ME Campanha da Fraternidade


A Mesa Diretora dos Trabalhos foi composta por políticos e representantes da igreja, principalmente de setores ligados à juventude
Eis-me aqui, envia-me. O tema da Campanha da Fraternidade foi assunto de sessão especial realizada na sexta-feira, na Assembleia Legislativa. Os debates ultrapassaram o limite do dogma e avançaram sobre os problemas concretos vividos pela juventude brasileira e a necessidade de serem estabelecidas políticas públicas que os enfrentem e resolvam. Segundo o deputado Yulo Oiticica (PT), proponente da sessão, os jovens representam hoje 30% da população brasileira e estarrecedores "50% das vítimas de homicídio" no país. Oiticica defende a criação, na Bahia, de uma Secretaria Estadual da Juventude e criticou deputados e senadores que defendem a diminuição da maioridade penal. "Juventude não é questão de polícia, mas de políticas públicas", argumentou. Para ele, ao eleger a juventude como tema da sua Campanha da Fraternidade e fazê-lo coincidir com a realização, no Rio de Janeiro, da Jornada Mundial da Juventude, a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil trouxe à tona o debate "e é obrigação da Assembleia realizá-lo". A Igreja, disse, e o Poder Legislativo têm papel fundamental e relevante na discussão sobre a necessidade de políticas públicas para os jovens, discussão que ganhou mais um foro, ontem, com a realização da sessão especial que reuniu não somente grupamentos católicos, mas das comunidades, dos índios, da universidade.   EXPECTATIVA   Segundo Thiesco Crisóstomo, secretário da Pastoral da Juventude Nacional, o anseio da juventude é ser ouvida. Ele reconheceu os avanços conquistados até o momento, mas crê que a Igreja precisa aprender a falar com o jovem e não apenas sobre ele. E a Assembleia Legislativa, "como representante da sociedade", ao discutir a Campanha da Fraternidade, " demonstra que o povo quer falar sobre isso". Crisóstomo vê avanços na postura da Igreja Católica, instituição "que tem papel fundamental na reflexão coerente e sob a ótica cristã" dos problemas que compõem hoje a pauta da juventude brasileira. E como estado, a Bahia "sai na frente", disse, citando a aprovação de criação do Conselho Estadual e a Frente Parlamentar da Juventude, que levam os poderes " a pensar as políticas públicas fora dos gabinetes". A Campanha da Fraternidade ajuda a dar visibilidade aos jovens e aos problemas que enfrentam, como o "alto índice de violência, carência de vagas de emprego, educação deficitária", na análise da presidente do Conselho Nacional da Juventude, Michele Vieira. Ela também considera um avanço a Assembleia Legislativa abrir-se ao debate e colocar para a sociedade a pauta da juventude, que hoje, mais do que nunca, "sente-se acolhida e amada" pela Igreja Católica, completou Márcio Matos, secretário da Jornada Mundial da Juventude, evento que acontecerá pela primeira vez no Brasil, em julho. Ao lançar mão da palavra do profeta Isaías ( Eis-me aqui, envia-me) e eleger o jovem como seu protagonista neste ano através da Campanha da Fraternidade e da Jornada Mundial, a Igreja professa "a palavra de Deus" e confessa "necessitar de nós". Este é "um desafio" que a juventude encara e assume, assim como enaltece a escolha do tema deste ano, duas décadas após os jovens terem sido contemplados pela Campanha da Fraternidade. Este fato foi ressaltado pelo deputado Oiticica e pela maioria dos palestrantes e integrantes da mesa diretora da sessão de ontem, incluindo o bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, D. Gílson Andrade. Esta "opção afetiva e eletiva" da Igreja pela juventude vem de há muito tempo, disse o religioso, lembrando que desde a década de 1960 os jovens vêm sendo assumidos pela Igreja como importante segmento social, que necessita de atenção". Este ano "retomamos a reflexão" sobre as mudanças ocorridas, na perspectiva de " falar a mesma língua" dos jovens e " propor valores" que os envolvam.

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